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Riscos do uso excessivo de analgésicos

por Dr. Henrique Carneiro em 5th dezembro, 2011

A alta prevalência das cefaléias colaborou para que se criasse na população o costume de consumir indiscriminadamente analgésicos. Em busca do alívio imediato da dor, as pessoas ingerem analgésicos sem prescrição ou acompanhamento médico. Usam doses progressivamente mais altas desses medicamentos e, desse modo, ao invés de eliminar a dor, contribuem para o agravamento da cefaléia.

Se utilizadas freqüentemente em quantidades excessivas, separadamente ou em combinação, esses analgésicos e outras medicações para dor podem perpetuar a cefaléia, tornando-se um problema crônico diário, como tem sido constatado por diversos estudos.

Além disso, muitas vezes não se tem o diagnóstico correto da cefaléia e por isso não se consegue o tratamento adequado.

De acordo com alguns estudos as pessoas podem chegar a consumir de 14 a 30 comprimidos por semana e alguns, de 10 a 12 por dia. Cada indivíduo chegando a usar em média dois a cinco tipos de medicamentos sintomáticos: cafeína; paracetamol; antiinflamatórios; antiespasmódicos; aspirina; descongestionante nasal e anti-histamínicos; propoxifeno; butalbital; ergotamina; triptanos e narcóticos.

No entanto, tomar esses medicamentos mais de duas vezes por semana, durante três meses seguidos, já induz a cronificação da dor.

Cefaléia induzida por drogas e suas características clínicas

Os aspectos característicos da cefaléia induzida por medicamentos sintomáticos são:

  1. a auto-sustentação;
  2. cefaléia rítmica;
  3. ciclo medicação-cefaléia caracterizado por cefaléia diária ou quase diária e
  4. um irresistível e previsível uso dessas medicações como único meio de obter alívio das cefaléias.

Essas cefaléias apresentam variabilidade na intensidade, tipo e localização. Freqüentemente, torna-se difícil distingui-las das cefaléias primárias, pelas quais as medicações foram consumidas. Os sintomas acompanhantes são bastante notáveis na cefaléia induzida por sintomáticos e incluem: astenia, náuseas, agitação, ansiedade, irritação, problemas de memória, dificuldade de concentração e anomalias comportamentais, como depressão e padrão de comportamento neurótico.

Os distúrbios do sono são freqüentemente observados nos pacientes com cefaléia induzida por medicamentos sintomáticos, sendo as alterações mais comuns à dificuldade para iniciar e manter o sono e o despertar durante a madrugada com cefaléia intensa. Uma das características mais surpreendentes da cefaléia induzida por sintomáticos é a cefaléia previsível durante a madrugada (entre 2:00 e 6:00 horas), que ocorre em até 46% desses pacientes. A maioria deles consome os sintomáticos durante essas horas da madrugada, quando acordam com a cefaléia e somente a medicação em questão pode aliviar temporariamente a dor.

Alguns indivíduos podem consumir as medicações antecipadamente, pelo receio de uma crise forte de cefaléia que supõem prestes a acontecer, levando ao uso desnecessário dessas medicações. A tolerância às medicações cresce, resultando num aumento gradual da freqüência de consumo e da quantidade total analgésicos, acompanhada por dependência desses medicamentos e refratariedade aos medicamentos profiláticos.

A falta de resposta ao tratamento é uma das principais características das cefaléias induzidas por sintomáticos. Já foi constatado que pacientes que consumem simultaneamente medicações analgésicas e profiláticas continuam sofrendo de cefaléia diária ou quase diária, ficando assim indicado que os medicamentos profiláticos são ineficazes na prevenção das cefaléias, quando associadas aos analgésicos.

Os estudiosos definem a cefaléia induzida por drogas ou a elas relacionada, como uma cefaléia diária ou quase diária, refratária a tratamento com as seguintes características:

  1. ocorrem em pacientes com cefaléias primárias que utilizam medicamentos sintomáticos com muita freqüência, geralmente em quantidades excessivas;
  2. desenvolvimento de tolerância aos analgésicos e piora da dor com a continuidade do uso dessas drogas;
  3. os pacientes podem apresentar sinais de abstinência com a interrupção da medicação, manifestando piora da cefaléia por período de tempo variável (em média três a quatro semanas)
  4. a cefaléia melhora efetivamente após a interrupção dos medicamentos, embora a cefaléia primária torne necessária a manutenção de um tratamento profilático.

Portanto as cefaléias induzidas por medicamentos sintomáticos representam um grande desafio pela complexidade do quadro clínico, envolvendo o uso de múltiplos medicamentos, além de anomalias comportamentais e psicológicas. Dessa forma, se você costuma utilizar essas medicações de alívio com freqüência procure um especialista para evitar que esse quadro se instale.

FONTE: Sociedade Brasileira de Cefaleia

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